Arrancou a Conferência da Interjovem com a participação de professores de todo o país. “Com os Sindicatos. Com os valores de Abril. Defender e organizar os Jovens Trabalhadores” é o lema que dá o mote para as muitas intervenções e para a Resolução que a Conferência virá a aprovar.
O papel da Educação
A FENPROF tem presente nesta iniciativa vários dos membros dos seus órgãos dirigentes e, de manhã, Catarina Teixeira, membro do Secretariado Nacional da FENPROF, chamava a atenção para o facto de, sendo a “Educação um dos pilares fundamentais da nossa sociedade e direito fundamental consagrado na Constituição de Abril” a consagração do seu direito é indissociável da Escola Pública , “veículo para a formação integral do indivíduo e fundamental para garantir a igualdade de oportunidades de todas as crianças e jovens”, independentemente da sua condição social.
A dirigente do SN não deixou de denunciar que, apesar da sua importância, a Escola Pública e os seus profissionais são alvo de um enorme ataque, traduzido por baixo financiamento e pelo agravamento das condições de trabalho e de funcionamento.
Os professores desvalorizados
"Os professores, e em especial os jovens professores, deparam-se com uma profissão pouco atrativa, cujas condições de trabalho não dignificam a profissão e a responsabilidade que desempenham. As condições precárias, com a falta de estabilidade laboral e de baixos salários, obrigam muitos jovens professores a deslocarem-se para longe das suas residências para poderem trabalhar, muitos sem qualquer tipo de apoio económico, criando injustiças e discriminação entre docentes”.
Daniel Nunes, por seu lado, exortava os participantes a tomarem consciência de que este movimento sindical é "espinha dorsal da luta pela justiça laboral, a força que incomoda e permanece como uma espinha atravessada na garganta daqueles que se recusam reconhecer o valor do nosso tempo e das nossas vidas. Não somos apenas trabalhadores, somos aqueles que são a barreira a um sistema, e não aceitam a ideia de que viver é produzir, e que lutam porque sabem que a sua vida tem valor".
Mobilização, ação e luta
Na sua intervenção alertou para a situação vivida pelos jovens professores: "vemos o reflexo desse sistema que nos prepara para a precariedade, para o conceito de professor descartável. Cerca de 20 mil professores em Portugal vivem em condições de precariedade laboral, saltando de contrato em contrato, ano após ano ou mesmo mês após mês. Quantos de nós já fomos vítimas dessa realidade? Quantas vezes esperámos pela tão desejada estabilidade? Quantos milhares de quilómetros temos no nosso curriculum, em quantas casas vivemos e quantos quartos ocupámos? A precariedade docente não é apenas um número; é o desgaste físico, emocional e profissional que se reflete na qualidade do nosso trabalho".
Mas o jovem dirigente do SPRC vai mais longe ao declarar que "a fatura desta política (de defesa dos interesses do capital e neoliberal) será entregue e não penaliza só o professor individualmente ou a sua família. Será uma fatura paga no futuro. Um futuro que está a ser minado por uma visão tecnocrática da educação, que prioriza a economia em vez do desenvolvimento humano. A qualidade da educação não é um conceito abstrato; ela vive nos corredores das escolas, nas mãos dos professores, nas suas horas de trabalho, na proximidade, no tempo despendido a cada aluno, no acompanhamento e na relação".
Denunciar a precariedade
A denúncia que Catarina Teixeira levou à conferência prosseguiu com números que devem obrigar-nos a pensar: “mais de 22 000 horários preenchidos por docentes com vínculos precários” para satisfazerem necessidades permanentes; “contratação de docentes com habilitação própria, que, até dezembro, rondava os 4000 docentes”; “30 000 alunos tinham falta de pelo menos um professor a uma disciplina”.
Deixava, assim, clara a situação crítica dos sistema de ensino, designadamente da escola pública, defendendo a “urgente valorização e a atratividade da profissão, num momento em que se inicia a discussão do Estatuto da Carreira Docente”, devendo ser essa a prioridade do governo, não parecendo, no entanto, ser essa a opção. A terminar, clarificou que a “FENPROF defende um Estatuto da carreira que atraia os jovens” para a profissão e reivindicou “a eliminação da discriminação de docentes em função da natureza do vínculo, mas também a valorização salarial de forma significativa nos primeiros índices salariais, bem como uma carreira sem quotas nem vagas de acesso aos seus escalões”.
A importância dos Sindicatos e da CGTP-IN
Já quanto à importância dos nossos sindicatos, Daniel Nunes afirmou peremptoriamente que "o verdadeiro papel do sindicato é afirmar o nosso valor e o compromisso com a educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Seja na luta pela recuperação do tempo de serviço, pela valorização da profissão ou pela progressão na carreira, estamos presentes numa luta que não deixa ninguém para trás".
Rematando:
"É por isso que estamos aqui: para afirmar que o futuro não nos será dado. Ele será conquistado através da luta coletiva. A batalha do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) e da FENPROF tem sido um contributo a essa luta, que nunca foi apenas contra um governo, mas contra um sistema. Um sistema que tenta reduzir a educação a uma mera estatística: ensino como produto, aluno como cliente, professor como mão de obra e escola como empresa", declarou o dirigente da direção do SPRC/FENPROF a terminar.
Intervenções realizadas por docentes participantes na X Conferência
Intervenção de Catarina Teixeira (Secretariado Nacional da FENPROF)
Intervenção de Daniel Nunes (SPRC)
Intervenção de João Tojeira (SPRC)
(em atualização)
Saudação do SPRC à X Conferência da Interjovem
O Sindicato dos Professores da Região Centro saúda calorosamente a X Conferência da Interjovem, bem como todos os delegados e convidados que nela participam.
Esta conferência representa um momento fundamental de debate e ação, reafirmando o compromisso da Interjovem na defesa dos direitos da juventude trabalhadora e da dignidade no trabalho. Acreditamos que o dinamismo, a determinação e a consciência crítica dos jovens são forças imprescindíveis para a construção de um futuro com mais justiça social, melhores condições laborais e uma sociedade mais solidária e democrática.
Os professores conhecem bem o papel transformador da educação na formação de cidadãos ativos e comprometidos com a mudança. É através do conhecimento e da luta coletiva que se fazem avançar direitos e se constrói um mundo melhor para todos.
Desejamos que esta conferência seja um espaço inspirador de reflexão e ação, impulsionando a continuação da luta por uma juventude valorizada e por um trabalho digno e com direitos.
Votos de um excelente trabalho e de uma conferência plena de sucessos!
A Direção do SPRC
FENPROF dirigiu saudação aos jovens trabalhadores
SAUDAÇÃO À X CONFERÊNCIA NACIONAL DA INTERJOVEM
O Secretariado Nacional da FENPROF saúda a X Conferência Nacional da Interjovem, que se realiza hoje, 23 de Janeiro de 2025, no ISCTE, sob o lema “Como os sindicatos. Com os valores de Abril. Defender e organizar os jovens trabalhadores”.
Os jovens trabalhadores, e a isto não escapam os jovens professores, são os que mais sofrem com a precariedade, a instabilidade laboral e os baixos salários. A estes problemas juntam-se outros como a habitação e o custo de vida. É pela organização dos jovens trabalhadores que será possível uma ação reivindicativa que permita a sua emancipação e o pleno exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais. Nos professores, uma profissão fortemente envelhecida por opções políticas erradas nas duas últimas décadas, a organização dos jovens professores é, também, um objetivo central dos sete sindicatos que compõem esta federação.
Que a X Conferência seja um espaço de debate e reflexão que permita o reforço da ação dos jovens trabalhadores nos locais de trabalho, com seus sindicatos, as suas federações e a nossa central sindical, a CGTP-IN.
A luta continua!
O Secretariado Nacional da FENPROF
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